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Olá, pessoal da CN. Aqui é o José Cantoni do Pausa pro Charuto!
Estive fora por um tempo, mas estou de volta para continuar nossa série de conteúdos sobre harmonização de charuto e Cachaça.
Vou falar sobre uma Cachaça produzida no Rio Grande do Sul, mas que só fui ter a chance de degustá-la na casa de um amigo em minha última viagem para o Recôncavo Baiano. Inclusive, um agradecimento especial para Andrea e Uwe Griesmeyer por terem me apresentado essa Cachaça.
A harmonização de hoje é a junção do Rio Grande do Sul e a da Bahia, a Cachaça Harmonie Schnaps 2 Madeiras e o Charuto Dannemann Elementum, uma das melhores edições especiais feitas no Brasil.
Sobre a Harmonie Schnaps
A história da marca começa em 1853, com uma família que migrava da Alemanha para o Brasil.
Produziram Cachaça no Rio Grande do Sul dos anos de 1940 a 1981. Anos mais tarde, em 2003, Leandro Hilgert, se desligou da empresa em que trabalhava pois tinha um sonho: retornar a sua cidade natal e retomar a produção da família na cidade de Harmonie/RS, que ficara anos desativada.
Assim, enquanto a esposa, Fabiana, trabalhava fora para complementar o sustento, Leandro construiu o sonho com as próprias mãos.
Mas o sonho ia muito além de apenas retomar a produção da família e construir o alambique, ele queria ter uma empresa que respeitasse o meio ambiente e principalmente, preservasse as raízes da região.
Não é atoa que hoje existe o ecoturismo no Alambique da Harmonie Schnaps, e o apreciador é muito bem vindo por lá.
Para o nome da Cachaça, nada mais justo do que homenagear a cidade de Harmonia e a origem de sua família. Harmonie Schnaps em alemão, que traduzindo significa “Cachaça da Harmonia”.
Uma curiosidade sobre a marca, que poucos sabem, é que Leandro optou por manter o alambique charentais, um modelo que era mais comumente usado no passado. Segundo ele, a escolha por esse formato foi pelo produto final, pois apresar desse alambique ser menos produtivo, ele tem mais eficiência na separação da cabeça, coração e cauda da Cachaça.
A Cachaça Harmonie Schnaps 2 madeiras
Foi uma grata surpresa ter experimentado essa Cachaça em minha viagem, principalmente pela experiência de degustar uma boa Cachaça com amigos especiais.
A 2 madeiras é um blend de Carvalho Americano e Amburana. A Cachaça é envelhecida por 2 anos em cada madeira, e barris de torra média. No caso do Carvalho Americano é um barril de primeiro uso de 200 litros, que proporciona maior contato da bebida com a madeira. Já a Amburana é um barril de 700 litros de segundo uso.
A Cachaça foi lançada em 2020 e já conquistou o paladar dos consumidores. Ela foi pensada, em especial, para aquele degustador que está começando a se aventurar no universo da Cachaça Artesanal. É muito rica em sabor, mas bem suave no paladar, sem agressividade do álcool.
Sensorialmente entrega muitas características do Carvalho Americano como coco e baunilha, mas com uma boa presença da Amburana, entregando um sabor adocicado e bem floral.
Leandro me confessou que apesar de ter um carinho especial pela madeira Amburana, o Carvalho é a que agrada maior parte do mercado consumidor. Para juntar o seu gosto pessoal com o gosto do público, ele já vem testando essa combinação faz algum tempo.
Sobre o Charuto Dannemann Elementum
Em 1872, Geraldo Dannemann, um jovem de 21 anos morador da cidade de Bremen, Alemanha, teve a ideia de criar os mais finos charutos do mundo.
Mas como podem ver pelo nome da marca do Charuto, a ideia se tornou uma empresa.
Geraldo se estabeleceu na pequena São Félix, cidade situada às margens de um rio no estado da Bahia e cercada pela região de Mata Fina, que já naquela época era famosa por seus excepcionais fumos escuros e aromáticos. Ao chegar à cidade, construiu sua primeira fábrica de charutos (ainda em funcionamento hoje) e começou a trabalhar com os artesãos locais para enrolar os charutos finos.
Atualmente o grupo Dannemann além de fabricar charutos excepcionais, apreciados no Brasil e na Europa, é um dos maiores exportadores de tabaco do mundo.
Em 2018 durante o Festival Origens que acontece no Recôncavo, a Dannemann lançou uma edição especial que seria o seu marco de vendas no Brasil, o charuto Dannemann Elementum Gran Corona.
Esse charuto tem em sua composição tabacos envelhecidos com safra de 2003 e 2006, anos de safras muito especiais. Devido ao enorme sucesso, recentemente, a fábrica colocou mais 500 caixas à venda no mercado, que esgotaram rapidamente.
A harmonia da Cachaça e do Charuto
A harmonização dessa dupla foi sensacional. O Elementum tem uma intensidade acima dos demais charutos da marca, o dulçor da Harmonie Schnaps Carvalho e Amburana casou muito bem e foi um excelente acompanhamento para o Charuto.
O Charuto é de um corpo mais denso, com notas ressaltadas de cacau e especiarias. A Cachaça com o toque de baunilha, floral e até um pouco de mel criou uma harmonização que agradou muito meu paladar. Uma palavra que define ambos os produtos é o perfeito “equilíbrio”, tanto do Charuto com sua construção perfeita e sua intensidade como da Cachaça e seus sabores.
Escolhi para o meu momento de pausa um dos charutos edição especial que mais gosto e uma Cachaça que me agradou e surpreendeu bastante. Quem tiver oportunidade de fazer essa degustação, gostaria de um feedback sobre a experiência.
Desejo a todos um excelente momento de pausa para degustação de uma cachaça acompanhada de um charuto.
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